quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Sobre livros e frases de autoajuda.

um sujeito comenta com o outro: "faz mais de três meses que estou pagando a academia de ginástica e ainda não emagreci um quilo sequer. vou ligar lá para saber o que está acontecendo."

sempre lembro dessa piada quando vejo a quantidade de livros de autoajuda que algumas pessoas compram – não sei se lêem e muito menos se praticam – enquanto seguem sendo o que sempre foram, fazendo o que sempre fizeram, mas esperançosas de que um dia acordem e as suas vidas mudem para sempre.

quando se cansam de ler (ou de comprar livros), adquirem alguns cursos pela internet e enchem as redes sociais com frases de efeito sobre como a vida deve ser. e para muita gente, a isso se resume o autoconhecimento e a evolução espiritual.

nada de errado com frases ou livros de autoajuda. também os leio e compartilho frases. mas, como acontece com o álcool, penso que essas coisas devem ser consumidas com moderação. senão, a única coisa que vamos conseguir é viver num eterno porre de frases feitas.

duas que li recentemente, que me deixaram pensando por vários dias e têm relação direta com o que estamos falando aqui, diziam:

"nada sairá da sua vida enquanto você não aprender o que precisa saber". pra mim explica muito porquê entra dia e sai dia e nada diferente acontece, parece que não saímos do lugar.

a outra é: "ninguém vira borboleta de uma hora para a outra. a evolução é um processo." esta é justamente sobre a ilusão de que apenas e simplesmente comprando livros ou reproduzindo frases vamos melhorar as nossas relações e viver de forma mais consciente e significativa.

e para terminar, um pensamento (talvez já o tenha visto no meu feed) que veio depois de uma das minhas meditações matinais: "se não evoluímos, não é porque não saibamos o que temos de fazer. é porque não fazemos!"

sexta-feira, 9 de julho de 2021

COM A MELHOR DAS INTENÇÕES


Vejo nos stories do Facebook de uma amiga uma mensagem que pipoca na internet com o título “Não se acostume”, atribuída a Fernando Pessoa. Não somos amigos íntimos, mas a considero uma pessoa inteligente, criativa, inconformada, disruptiva até, uma cabeça boa. Por isso a sigo, curto o que ela posta e os algoritmos sabem disso.

A mensagem que ela postou tem um texto bonitinho e é óbvio que o publicou com a intenção de expressar um estado de alma, de compartilhar os seus sentimentos num dia qualquer, enfim.

Reproduzo o texto e imagem abaixo para vc não ter o trabalho de procurar no Google.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente... (obrigado Blitz) esse texto não é de Fernando Pessoa. E qualquer pessoa que leia um pouco de Pessoa, percebe.

Numa rápida busca na internet, vi que esse texto é reproduzido e atribuído a Pessoa em dezenas de sítios (vou preservar os nomes para não queimar o filme de ninguém):

- Foi reproduzido num blog que se intitula “uma rede viva de mentes curiosas” com 170 milhões de leitores em todo mundo. Se fossem tão curiosas iriam atrás da veracidade do que publicam. Diz também que “qualquer pessoa pode escrever no blog (talvez esse seja o problema, porque podem escrever ou reproduzir qualquer coisa, inclusive bobagens).

- Foi compartilhado por um professor de Cascais (Portugal!) no Slideshare, onde tem mais de 400 visualizações, e em blogs e redes sociais de mais meia dúzia de professores (!!!).

- Está no perfil de um fã-clube do “Legião Urbana” (esses fãs, viu!) curtido por 1 284 154 de pessoas, onde teve 1200 visualizações e 513 compartilhamentos (olha o estrago).

- Está em dezenas de pins no Pinterest

- No site de uma rádio do Rio de Janeiro

- Num site que tem “brain” na url e que afirma ser a “maior plataforma de estudos (coitados dos estudantes) ponto-a-ponto do mundo”

- Num blog para maiores de 40 (com essa idade o autor já deveria ter aprendido a separar o certo do duvidoso)

- Num blog sobre pontos de vista (vista embaçada, no caso)

- No Tumblr

- Num site de estudos para estudantes que querem “passar direto” (em vez de estimularem os leitores a passar direto, recomendo que os autores dêem uma paradinha de vez em quando para conferir a veracidade do que publicam e ensinam aos estudantes)

- O texto está até no Linkedin de uma corretora de seguros (fiquei inseguro com essa corretora...).

Além, claro, de ser encontrado em uma dúzia de sites de pensamentos e frases feitas, prontas para compartilhar com o mínimo esforço.

Sim, a internet é um perigo. Com as melhores intenções. E às vezes também com as piores.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

O MEU NOVO AMIGO.

Quero apresentar-vos o meu mais novo amigo. O nome dele é Cláudio Amílcar Carneiro e tem noventa anos. Isso mesmo, 90. Onze livros escritos e publicados pela Chiado Books. O último deles, Contas da Minha Aldeia (em português do Brasil algo como Histórias da Minha Aldeia) publicado em 2020 em plena pandemia, com 595 páginas. É isso mesmo que você leu: 595 páginas, incluído o índice.
O meu novo amigo mora na Amadora, Lisboa, onde vive, escreve, lê e colabora em alguns jornais. Mas nasceu em Chacim, como eu. Conheci-o estava eu ainda no Brasil, num grupo de whatsapp que congrega filhos e amigos de Chacim, gente nascida e criada nessa linda aldeia de Trás-os-Montes, ao pé da Serra de Bornes, hoje imigrantes e expatriados espalhados pelo mundo mas que nunca deixam, sempre que podem, de voltar à terra. Porque de acordo com o meu novo amigo “o solo onde se nasce e cresce é um altar sagrado de constante e eterno chamamento!”

Quando me apresentei ao grupo “Olá, o meu nome é Cascão, sou filho do Adérito, ferrador, e da Carolina, nós morávamos na Feira..." ele imediatamente entrou na conversa: “Olha, eu conheci os teus pais. Vós tinheis um palheiro ao lado da minha casa, onde o teu pai guardava a palha e o feno. A tua mãe casou com o teu pai era já ele viúvo e tinha um filho do primeiro casamento, que foi pró Brasil. E tú tens uma irmã chamada Laura e de facto moráveis na Feira (o meu novo amigo é contra o novo acordo ortográfico), mas antes os teus pais moraram no Fundo da Vila..." E assim o meu amigo foi desfiando um rosário de fatos sobre a minha família e antepassados, que eu mesmo não conhecia em tanto detalhe.
A ciência precisava estudar a memória do meu amigo Cláudio, de 90 anos. Se lhe perguntarem sobre cada família, de uma ponta à outra da aldeia, ele dirá o nome dos avós, dos pais, o que faziam, se eram da terra ou de onde, quantos filhos tiveram, se dentro ou fora do casamento, se estão vivos ou não (aqui com alguma compreensível imprecisão), se imigraram, para onde foram e com que idade... Um fenômeno como eu nunca vi! O que o ajuda muito, imagino, na hora de escrever, porque o tema dos seus livros é um só, embora rico e variado. Cláudio escreve sobre o seu amor a Trás-os-Montes e ao Alto Douro, sobre as aldeias da região – que o seu conhecimento vai além de Chacim e inclui todas os sítios no entorno, nos quais tem muitos amigos e também os conhece e descreve em pormenores, bem como as histórias de suas gentes.

Quando cheguei a Lisboa e soube que ele morava aqui, dei um jeito de conhecê-lo pessoalmente. O que me disse, por e-mail, foi: "Ó Cascão, moro só, tenho noventa anos, já quase não saio. Terei todo o prazer em receber-te em minha casa. Não precisas marcar, vens, tocas, abro-te a porta, ofereço-te uns livros e segues o teu caminho". Ahhh, como se soubéssemos, ao cruzar o nosso caminho com o de alguém, se a pessoa vai simplesmente passar ou se vai ficar e se transformar em mais um grande amigo.

No dia combinado – não gosto de aparecer na casa de ninguém de surpresa – fui com a Rose e a Laura, minha irmã, até à casa do Cláudio. Encontramo-lo de pijama, mas muito bem disposto. E o que era uma visitinha rápida, transformou-se numa mais ou menos longa conversa, como se há muito nos conhecêssemos e fôssemos já grandes amigos. Falou-me de si, da sua vida em Chacim onde permaneceu até aos 24/25 anos a "repartir o tempo entre a guarda dos vitelos e outros trabalhos campestres" como assinala a sua mini biografia na orelha do livro e de onde saiu em 1955 para por-se a serviço do governo português em Goa na Índia, retornando a Chacim em 1957, ano em que nasci. Depois falou-nos da sua vinda para Lisboa a terminar os estudos e onde conheceu a sua amada mulher, falecida há quatro anos e que levou consigo um pedaço da alma do meu amigo. Ao final, aí sim, presenteou-me com alguns livros de sua autoria, o primeiro do quais "Vivências Inesquecíveis", uma autobiografia que devorei com toda a vontade porque fala a cem por cento da terra que nos viu nascer.
Na semana passada fizemos-lhe mais uma visita. Desta vez com o convite para que almoçasse conosco ali perto de sua casa, aonde pudesse ir sem muito esforço. Às 12, hora combinada, encontrei-o à nossa espera. Abriu a porta e eu, preocupado com suas eventuais limitações de mobilidade, ofereci-me para o ajudar a descer as escadas dos dois andares que levam ao rés de chão. Disse-me que não era preciso e começou a descer lépido e fagueiro atrás de mim. Ao ver que não se apoiava no corrimão, sugeri-lhe que o fizesse. "Não pego no corrimão", respondeu-me. Talvez para não se expor ao contato com o maldito vírus, pensei, embora já tenha levado as duas doses.

No restaurante tomou uma sopa que o garçom lhe trouxe sem a pedir. Depois escolheu o prato que veio acompanhado de um pequeno jarro de vinho tinto, que também não pediu. Percebi que, afora o prato, todas as suas demais preferências já eram de conhecimento do garçom, visto que é ali onde almoça todos os dias depois que a sua amada o deixou. Mas não pensem que o meu amigo vive só e abandonado, não. Além de muitos e bons amigos, tem uma filha em Lisboa e dois netos que, embora não vivam com ele, o mimam e paparicam.

Após a sobremesa, uma salada de frutas que também veio sem ser comandada, fomos até à sua casa onde me ofereceu e também se serviu de uma gostosa e autêntica bagaceira. "É digestivo" – afirmou. Mais um pouco de prosa e saí de lá com mais alguns exemplares do seu último livro, todos endereçados e autografados, com a missão de entregá-los um à professora das Escolas Antonio Maria da Costa, em Chacim, um ao padre Basileu Dos Anjos Pires destinado à biblioteca do Convento de Balsamão, outro para a biblioteca da Câmara de Macedo de Cavaleiros e mais uns a amigos a quem costuma presentear com as suas obras.

Eu e o meu novo amigo só lamentamos não ter-nos conhecido antes. Mas agradeço à vida por me permitir conviver com ele pelo tempo que ainda nos reste a ambos. Obrigado, meu novo velho amigo Cláudio Amílcar Carneiro. Minha vida enriqueceu-se com a tua amizade.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Bicho é bicho e gente é gente. E os dois são tudo de bom.

Fui criado numa aldeia ao norte de Portugal, no meio de galinhas, pintinhos, patos, coelhos, cabritos, perús, porcos. Tive até um cavalo e um cão, fiel escudeiro que nos acompanhava nas disparadas pelos campos. Quando o cavalo se perdia da gente, seu amigo o encontrava. Costumava comunicar-me com eles por meio de olhares, gestos e assobios, a linguagem que me parece mais natural para falar com os animais.
 

No Brasil, tive dois cães: o Tonico, um poodle toy cujo comportamento era o de um autêntico vira-lata (cresceu solto como eu) e o Téo, um golden retriever lindo com um pelo dourado que reluzia ao sol. Os dois chegaram em casa ainda filhotinhos (não bebês, filhotinhos). Gostava tanto do Téo, o golden, que quando mudamos para apartamento em vez de confiná-lo na área de serviço, abri mão da sua companhia (não sem protestos) e o levei para um sitio em Campos de Jordão, sua terra natal, onde ele continuou correndo, brincando e crescendo livre como tem de ser. Tenho certeza que ele me agradeceu por isso. Durante um tempo ainda nos vimos, não com a frequência que os dois gostariam, e não esquecemos o que aprendemos um com o outro. Mais tarde soube que foi doado a uma família que tinha crianças e espaço para brincarem juntos. 

Gosto de animais, portanto, e espero que isso tenha ficado claro. Penso que toda a criança deveria ao menos um, para entender coisas que às vezes nem os pais nem os amigos conseguem ensinar. Também são excelentes companhias, às vezes terapêuticas, para pessoas idosas ou solitárias. No entanto, não posso concordar com a forma como algumas pessoas tratam os seus animais de estimação. Incapazes muitas vezes de se relacionarem com parentes, amigos e às vezes até com os próprios maridos, esposas e filhos, usam-nos como bibelôs, enfeites, depositários de suas carências, dizendo que preferem a companhia dos animais à das pessoas. O argumento usado (as piores justificativas são as verdadeiras) é que eles são fiéis, amam incondicionalmente, compartilham os momentos bons e ruins sem reclamar, são alegres e vive fazendo festas. Admito que a relação com seres humanos nem sempre é tão fácil e harmoniosa. É que gente não se contenta apenas com ração, passeios duas vezes por dia e banho uma vez por semana. Pessoas nos contestam, nos questionam, nos contrariam, exigem mais da nossa humanidade. 


Não adianta pensar que a solução para as nossas mazelas, as nossas decepções afetivas e a nossa solidão, seja trocar o convívio das pessoas pelo dos animais. Não a ponto de carregá-los no colo, dormir junto na mesma cama, comemorar o aniversário com bolo e brigadeiro e comprar sapato e roupinha de boneca. Isso alimenta mais o nosso ego, a nossa vaidade e o caixa dos fabricantes de comida e quinquilharias que entopem as petshops, do que o nosso crescimento como seres humanos. Amemos os animais reconhecendo o que eles são e respeitando a sua natureza. 

Certa vez uma das minhas filhas me contou que na casa da amiga eles sentavam a cachorrinha na mesa da sala para jantar junto com a família. E pior: só podia sair da mesa depois que ela comesse tudo ou ficasse muito cansada, o que costumava demorar, já que sendo tratada como criança se comportava como tal, fazia birra, queria aviãozinho, não comia qualquer coisa. E quando não era atendida levantava...ops! pulava da cadeira e ia fazer xixi no sofá e outras malcriações. Dei graças a deus quando a amizade delas terminou, claro, porque a cachorra era muito mais importante do que a minha filha. Por essas e outras nunca me incomodei quando me chamavam de desalmado só porque não permitia que o Tonico, meu poodle viralata, deitasse no sofá ou tirasse um cochilo em cima da cama de casal. Adivinha quem ele mais respeitava e a quem mais fazia festa quando chegávamos em casa? Acertou. Bicho é bicho e gente é gente. E os dois são tudo de bom.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Roupeiro luso-brasileiro 🇵🇹🇧🇷

Esta noite acordei com um zum-zum-zum dentro do quarto. Como estava tudo escuro, não conseguia saber de quem eram nem de onde vinham as vozes. De modos que não me restou senão prestar atenção ao diálogo para tentar descobrir o que estava acontecendo. 

- Ô de ganga... calça de ganga, tás acordada? Tou a falar contigo. 
- Comigo? 
- Sim, contigo mesma, ou há mais alguma coisa aqui no armário que se pareça com uma calça de ganga? 
- Desculpa tuga, ainda não me acostumei com esse nome, eu sou um jeans brasileiro. 
- Pergunto se não tás cansada... 
- Can-sa-do! – interrompe, irritado – “o” jeans, é masculino, ok? 
- Tá béim, não precisas fazer gênero! Não tás cansade de ficar pendurade aqui sem poder ir a nenhum lado? – continuou a t-shuga (era uma t-shirt tuga). 
- Já me acostumei, no começo ele ainda me vestia para ir ao “super” como vcs dizem. Agora nem isso. 
Os tênis, com os atacadores soltos, resolveram meter o bico. 
 – Lembro bem, brasuca. Iamos os três, lembra? Eu, você e a t-shuga. Saudades de atravessar uma passadeira. Sonho quase todas as noites com aquela foto dos Beatles atravessando a Abbey Road. 
A camisa social, toda engomadinha, entra na conversa: 
– Já viram há quanto tempo o gajo não veste uma camisa? Fica o dia todo de fato de treino, peúgas e pantufas, parece um reformado. 
– Nem por isso – responde o agasalho verde e amarelo, sentindo-se citado –, no começo me usava mais, agora como não pode ir ao ginásio prefere um preto básico que anda por aí. Aliás, acho que são três, um pra ficar em casa, um pra caminhar e outro para ir à pastelaria ou ao mercado. Mas sempre acho que é um só, porque são idênticos. Tenho saudades das manifestações na Paulista, que no fim não serviram pra nada, é bom que se diga.
- Tás a reclamar do quê, ó brasuca? Queria que estivesses no meu lugar – disse o fato, único no armário com direito a cabide de madeira – Antes ainda íamos a um casamento ou a um velório qualquer, agora com isso da Covid morrem-se e nem ó enterro se pode ir. 
A camisola amarela da CBF, espremida no fundo da gaveta logo abaixo, não se contém: 
– Aí gente boa, vamo pará de falá de morte, que horrô! Tou aqui quietinha, mas tou ligada! Vamo falá de coisa boa, ano que vem tem copa do mundo! Huhúúú, vou ficar uns dois meses coladinha nele, sem saber o que é máquina de lavar hahahaha! 
O fato de banho que também não vê a água há muito tempo, mete-se na conversa: 
– Pois, agora que virou adepto do Benfica, acho que vai te trocar por uma camisola encarnada, aquela com o 7 do Cristiano Ronaldo às costas. 
A cueca, toda rendada e delicadinha, resolve protestar do seu cantinho: 
– Oiçam, podem ficar quietos, se faiz favor! Preciso descansar. Lembrem-se que eu fico a postos dia e noite, 24 sobre 24. 
 A ceroula não perde a chance: 
– Ao menos ficas em boa companhia...queria eu! 
Gargalhada geral, os cabides baloiçando de um lado para o outro e as portas do armário abrindo e fechando. 
Acendo a luz do abajur para ir à casa de banho. Tudo em volta silencia, não se ouve um pio. De repente um espirro em baixo da cama. 
 – Coitadinha das havaianas, dormiram outra vez fora do saco. Pegaram uma friagem, de certo.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

AS PESSOAS QUE AMAMOS NOS INSPIRAM

Eu gosto de escrever. E gosto muito, muito dela. Quando junto as duas coisas às razões que temos para comemorar, saltam umas coisas bacanas do coração para o papel. Estas declarações de amor foram feitas à minha filha Sofia em diversos meses juninos. Porque alguém como ela, só podia nascer em tempo de festa, quando os fogos de artifício enchem de luz o céu.
Montanha russa (15) Você já andou numa montanha russa gigante? Já sentiu aquele friozinho lá no topo, quando o carrinho tá quase parando, e depois despencou ladeira abaixo sentindo a alma quase sair do corpo, antes da adrenalina baixar, pra logo depois começar tudo de novo, e mais uma vez, e outra e outra, como se aquilo não fosse terminar nunca? Conviver com a Sofia Costa, essa coisa linda chamada “minha filha”, é mais ou menos isso. Cada lua, uma Sofia diferente. E dentro de uma mesma fase, todas as variantes. Sempre linda, sempre expressiva, mas sempre cambiante. Quando ela nasceu, um ano e meio depois da primeira gravidez da Rose, a gente ainda nem tinha terminado de curtir a Olívia. Ou seja, já chegou atropelando “ô produção, cadê as luzes?”. Nasceu entre meia noite e uma da manhã, pronta pra balada. E outro dia me saiu com esta: “pai, quando eu nasci o médico em vez de dar umas palmadinhas, sentou e aplaudiu”. Sim, autoestima definitivamente, é o que não lhe falta. Falta cimancol (ainda se usa essa palavra?), falta saber a hora de ficar calada, falta um pouco de paciência de vez em quando. Mas em compensação sobra bom humor, sobra carinho (quando a lua ajuda), sobra talento, bom gosto e criatividade. Você consegue imaginar alguém que consiga fazer dois ou três modelitos lindos só com o papel e a fita que embrulham um ovo de páscoa gigante? Ela fez quando tinha uns dez anos, desfilou pela sala como se fosse uma passarela, e meu queixo demorou pra voltar pro lugar. Supresas, surpresas, surpresas. Como toda menina nessa idade, tem seus sonhos de consumo. Um deles tá realizado (brigado vó!): um iPhone dourado. O outro é um Louboutin básico (não se sinta ignorante, eu também nunca tinha ouvido falar esse nome antes dela me mostrar, e olha que eu tenho um cliente que vende sapatos). Preço: uns mil e quinhentos dólares o basiquinho. Esse eu mesmo vou realizar, prometo. Mas antes tenho que perder alguns pudores e princípios. Aí você vai falar…ah! mas essa minina é muito fresca e metida. E eu digo: siiiim, mas ela é tão versátil também, que consegue fazer uma festa com 100 reais na 25 de março – devidamente ciceroneada pela mãe, claro – e chegar em casa com meia dúzia de sacolas como quem acabou de vir da disney. A diferença é que ela sabe o que comprar com cem reais na vinte e cinco. Bem, eu ficaria aqui a noite toda falando de quanto me sinto privilegiado por ser pai de uma garota como essa, que huhúúúú tá sempre a mil, é da noite e da madrugada, mas, por outro lado, namora há dois anos com o mesmo garoto e faz questão de deixar claro pra todo mundo que é fiel e seu coração tem dono. Mas vou parar por aqui, porque o teclado do meu mac já tá todo babado e a gente precisa estourar uma Ricadonna (afe! agora que eu percebi o quanto a marca de champanhe que escolhi pra comemorar é adequada à pessoa). Te amo Soft! E pode ter certeza: vou estar sempre te aplaudindo de pé, na primeira fila.
Alvoroço no bercário (16) 30 de junho, 1 hora da manhã. A gente nem tinha terminado de lamber a Olivia direito e ela já estava fazendo a curva e avisando: sai da frente que eu tou chegando! Alvoroço no bercário: êêêba...esta noite tem baladinha na matê Santa Joana. Sim, a Sofia Costa, como ela mesma costuma dizer (porque modéstia não é um defeito que ela tenha) não nasceu, estreou! Em vez de chorar, foi logo fazendo um stand-up. E ao vê-la em ação, em vez de dar uma palmadinha no bumbum, o médico bateu palmas. Vamos combinar que ser a segunda, numa fila que tem a Olívia na sua frente, e mesmo assim brilhar até ofuscar as vistas, não é pra qualquer uma. Mas quem disse que ela é qualquer uma? Ela é a mais doce, a mais azeda (ah...a lua...), a mais gata, a mais encantadora, a mais manhosa, a mais engraçada e a mais cativante criatura que nós, do seu fã clube, jamais conhecemos. E para provar que eu, como presidente do clube, não estou mentindo e muito menos exagerando, vejam esses dois momentos, com 16 anos entre um e outro. O mesmo charme, o mesmo encanto, o mesmo estilo e até o mesmo... bico. Num caibo em mim de orgulho./>
Sem palavras (17) Eu já fiquei sem palavras faz tempo para definir essa menina. Sofia Costa é uma filha tipo... montanha russa. Às vezes te leva lá para cima, às vezes te joga lá em baixo. Às vezes provoca um frio na barriga, às vezes um nó na garganta. Às vezes o olho arregala, às vezes os cabelos ficam em pé. Uma hora o coração palpita, outras ele dispara. Mas quando os altos e baixos e a velocidade das surpresas diminuem, fica sempre aquela sensação gostosa de "huhúúúúú-que-legal-quero-ir-de-novoooo!" E agora sem esse aparelho então, afe! ficou lindamente insuportável. Feliz 17tão, minha filhota linda!
Quis o destino... que ela fosse de junho, que nascesse de noite, como as estrelas, que fosse linda e inteligente, que fosse a segunda, e a terceira, que eu fosse o seu pai, que a gente se amasse, dos verbos amar e amassar, que gostássemos muito um do outro, e de sushi, que estejamos sempre juntos, que estivéssemos longe justamente hoje...te amo Sofia Costa. Comparado com o que sinto por você, o universo é nada. E com o que te desejo, o infinito é pouco. Feliz niver filha!
Uma filha única (18) Quando ela nasceu, a irmã já tinha quase um ano e meio. Ela, com a sua carinha enrugada – aquela cara linda de joelho que todos nós temos quando nascemos – logo percebeu que chamar a atenção para si não ia ser fácil. Afinal, enquanto ela estava ali enroladinha nos paninhos, só com a carinha de fora como aquelas bonecas japonesas, a irmã já era rechonchuda, com dobrinhas nas pernas, já sorria encantadora, tipo bebê Johnson, pra quem sabe o que é isso. Ah é? – deve ter pensado – Me aguardem! Não demorou muito até ela começar a brilhar e a fazer sombra. Não demorou até as luzes dos holofotes se virarem para ela e toda a plateia sucumbir ao seu carisma. Porque, sim, a Sofia Costa é uma filha única, a mais nova de três. Única no seu humor, que como a lua em suas quatro fases, muda bastante. A diferença é que as fases dela às vezes acontecem todas no mesmo dia. Única na sua maneira de viver e levar a vida. Única na maneira como ama sua família e seus amigos. Única quando resolve fazer um cupcake ou bater um abacate com sorvete à meia noite. Única e diferente, nas milhares de selfies que guarda no celular. Única nos gostos, nos desejos, nas manias. Única nos seus propósitos e na maneira de cumpri-los. Única em suas indecisões e em suas certezas. Única quando joga na lotofácil e se emociona com um prêmio de 8 reais e joga o prêmio todo na semana seguinte. Porque embora ainda não saiba muito bem o que vai ser na vida, uma coisa ela não tem dúvida: vai ser rica! Como se ainda não fosse. Uma filha como nenhuma outra. Estes últimos dias têm sido especiais, só eu e ela. Fazendo comida, dividindo a louça – eu lavo tudo menos as panelas!!!, limpando a casa, lavando a roupa e botando ela pra secar, sob a orientação didática e segura da vóvis. Com a mamãe fora, o medo dela é que a gente não conseguisse sobreviver uma semana, quanto mais nos próximos dois meses. Mas até que estamos nos saindo bem.
Hoje ela faz 18tão! Ontem, quando virou o relógio, a gente fez uma baguncinha em casa com direito a latidos do Tonico que não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que ela estava feliz com sua nova idade. Tão feliz que ela pensou largar o pijama e ir correndo pra casa de uns amigos. Depois pensou melhor e sugeriu que fôssemos comer um doce na Ofner pra comemorar. Depois desistiu de tudo e sugeriu que fôssemos dormir. Felizes. Não sem antes preparar uns morangos com leite condensado para fechar – ou abrir – as comemorações. Tudo isso em menos de 5 minutos. Sim, a Sofia é uma filha realmente única, daquelas que quando tira 7 na prova não se conforma: “sete pai! sete! uma nota média, vc sabe o que é isso?” Sim, eu sei, a média definitivamente não é para ela. Hoje, ainda não sei como vai terminar. Vou pegá-la daqui a pouco e cair na noite. As surpresas que ela nos reserva quem o pode saber? A noite que a recebeu naquele 30 de junho e embala seus sonhos, também é única. Bora comemorar!
Meu coração bate feliz! (21) - Oieeee! Eu sou o coração dos seus pais. Desculpa eu estar assim, meio ofegante...mas é que...é que hoje eles estavam tão felizes e emocionados com o seu aniversário, e eu comecei a bater e pular com tanta força que...vupt! Pulei pra fora do peito deles! E já que eu tava ali fora, pertinho do Tejo, eu rolei pelas ruas de Lisboa - lá onde eles moram agora, você sabe...e num instantinho eu estava no mar... Ahhhh, que delícia - pensei - é só atravessar o atlântico e num instantinho vou até o Brasil pra dar um beijo na Sofia - um não, dois, um do papai e outro da mamãe - e volto! Mas, minina, num pensei que fosse tão longe, viu?! Ainda bem que eu encontrei a Dori, sabe a Dori, aquela, amiga do Nemo? então, ela me deu uma mãozinha pra eu não me perder, ensinou uns atalhos e... aqui estou. Ufa! Coração cansado, mas feliz! Pra te dar o beijo e o abraço deles. Bem, agora deixa eu correr lá de volta porque seus pais estão com o coração na mão por minha causa - quer dizer, sem o coração, e eu preciso voltar a bater no peito deles, tá bom. Mas, olha, antes de eu ir embora, eles pediram pra dizer que você mora aqui dentro, ok? Não se esqueça nunquinha, tá ?! Tchauzinhoooo... Feliz aniversário!

Ela não é linda?

"Ela é tão graciosa e delicada quanto um coelhinho branco. Pode vestir-se de sedas e rendas e seu cabelo recender a água de colônia. Pode mesmo parecer uma bonequinha. Mas com toda a sua feminilidade, suaves maneirismos e graça encantadora, essa moça fica muito à vontade de calças compridas, que por sinal lhe vão muito bem. Seus processos mentais se desenvolvem com uma lógica masculina e podem equiparar-se aos de um homem em qualquer discussão. Podem mesmo, em certas ocasiões, ultrapassá-los, embora o lado feminino dela tenha sido bastante esperto para permitir que eu o percebesse até que a lua-de-mel tivesse passado. Ela mostra aquele sorriso insuportavelmente delicioso a cada três frases que diz, e sempre me convence com uma lógica pura e clara. Não perco muito – exceto meu orgulho, mas mal percebo isso diante do feitiço do seu gentil sorriso. A maioria de suas opiniões é apresentada com tato diplomático, o que de certo modo atenua o golpe. Ela nada mais é do que justa e empenhada em julgar tudo equilibradamente. Tudo para ela acaba em seis de um lado e meia dúzia do outro. Já trabalhava antes do casamento, e trabalha muito mais depois. Ela busca o dinheiro pelas coisas encantadoras que ele pode comprar. Mas se há alguma coisa que ela guarda com mais cuidado do que tudo neste mundo temporal, é o homem que ela escolheu para amar, honrar e administrar. Quer participar do maior número possível de seus interesses e atividades. É altamente intelectual e possui um espantoso poder de análise, muito útil para resolver problemas de negócios. Raramente permite que as emoções a impeçam de tomar uma decisão imparcial ou de fazer um julgamento equilibrado, e em geral pode dar consehos melhores do que o gerente do banco. Sua mão de ferro calça uma luva de veludo macia, e é capaz de me tirar do caminho errado e me colocar no certo com tanta delicadeza que eu juro que a ideia de me desviar foi inteiramente minha. Ela jamais abre minhas correspondências, simplesmente não lhe ocorre proceder tão indignamente. É tão sentimental e romântica como uma renda antiga, e num jantar eu sempre posso contar com guardanapos de pano, flores na mesa, castiçais com velas, vinho, música suave e um cardápio equilibrado. Ser mulher, para ela, é uma ocupação vital e está determinada a chegar à perfeição. Ela gosta de falar, mas sabe ser uma ouvinte lisongeira quando alguém precisa de audiência. Essa criaturinha feminil é feita de nove partes de aço. Quando há uma emergência na família é ela que impede o barco de adernar. Ninguém como eu sabe o quanto preciso da mão dela firma no leme quando o mar fica picado. E ela não se gaba disso, nem tira nada de mim – exceto uma grande parte da responsabilidade. Além disso fica muito bonitinha mesmo quando usa calças compridas para cuidar das suas plantas ou ir ao supermercado. Ama nossas filhas e cuida delas ternamente, mas, com toda a sinceridade, eu venho na frente, em primeiro lugar. Elas são as sócias mais jovens do empreendimento, mas eu sou o presidente e ela jamais esquece esse fato fundamental. Elas têm um grande pedaço do seu coração, mas ela nunca permitirá que roubem o canto que me deu antes delas chegarem. Como mãe é meiga, embora bastante firme quando preciso. Em certos momentos é um pouco mandona, e em outros fala demais. Mas isso só ocorre quando os pratos da balança emocional estão temporariamente desequilibrados. Se um deles está um pouco abaixo, acrescento um pouco de afeto e ele volta a subir. Se o outro desce sob o peso de uma tristeza, é só aliviá-lo com um pouco de compreensão e a harmonia volta a se restaurar…“ Esta é a melhor descrição que já vi sobre a minha querida Rose de Almeida. E não fui eu que escrevi tudo isso sobre ela. Foi a Linda Goodman, astróloga e poetisa americana, em seu best seller "Seu Futuro Astrológico", no capítulo sobre a "mulher de Libra". A única coisa que eu fiz foi transcrever "ipsis literis" o texto dela. Às vezes acho que a Linda a conheceu antes de escrever esse livro.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Olívia, 18tão!

UMA LINDA DELCARAÇÃO DE AMOR DA ROSE À NOSSA FILHA OLIVIA, QUANDO FEZ 18. By Mamãe!
"Quando eu era adolescente queria conhecer o mundo e não pensava em casar. Tempos depois eu casei mas não queria filhos. Daí veio a Marina, a Olivia, a Sofia e eu ainda teria outros mas isso já daria uma outra história... Resumindo, quando comecei não achei que chegaria até aqui mas parece que nasci pra este negócio de um casamento duradouro e pra maternidade de meninas. Embora o médico tenha dito que cortou o cordão umbilical, eu duvido! Como pode a gente se separar de algo que cultivamos a pão-de-ló durante nove meses? Como se desligar de alguém que para sempre ocupará um lugar especial em seus pensamentos, projetos, orações e em seu coração? No domingo, a Olívia Costa fez 18 anos e diante de mensagens tão lindas, amorosas e divertidas de seu pai José Cascão, das suas irmãs Sofia Costa e Marina Costa, além das várias de seus amigos, achei que deveria deixar meus parabéns para um outro dia como se eu pudesse prolongar essa energia tão potente que emana das pessoas que amamos e transformá-la em combustível para conduzí-la até o próximo aniversário, quando talvez ela já esteja em outro país como é de seu destino. Confesso que queria lhe dizer tantas coisas que eu nunca disse. E umas outras tantas que ela já deve saber... Queria contar segredos que ela ainda vai descobrir e lhe fazer confidências que só mãe e filhas compartilham. Queria lhe falar do meu amor, da minha admiração, do meu orgulho, da minha satisfação e reverência à sua alma tão especial, mas todas as palavras ficam tão insignificantes quando o que queremos dizer é tão imenso como o mar e o infinito, juntos. Gostaria de dizer que escolher uma profissão atualmente é uma das tarefas mais difíceis para os jovens. Que ter um diploma ainda é importante para o mercado de trabalho mas é menos importante do que saber o que realmente te faz feliz, te move, te inspira. Eu gostaria de fazer um decreto em sua homenagem dizendo que o mundo todo deveria ter tempo para sentar no sofá e perder-se em romance com Neal Caffrey ou Peter Burke e aprender tudo sobre mentiras e micro-expressões com Cal Lightman e Gillian Foster. Diria que aparecer em um Snapchat a meia noite, no primeiro minuto do seu aniversário, descabelada, sonada e de pijamas é mais sublime do que qualquer post de qualquer pessoa porque quem nos ama de cara lavada nos ama como somos. Meu decreto também incluiria um capítulo sobre as expectativas, esse sentimento irresponsável que nos coloca sempre na espera de algo incerto, nos roubando a presença do momento presente, do agora, do único e real lugar aonde estamos e sobre o qual temos domínio. A expectativa não permite que desfrutemos com a intensidade devida daquilo que é quente, que nos envolve, que acontece ao vivo enquanto estamos ocupados com as incertezas do futuro. Eu diria também que as meninas possuem um desejo natural de colher flores e estrelas. Mas as estrelas não se deixam colher e mostram às meninas que existem desejos que não são jamais satisfeitos. Contudo, nada deve nos tirar a capacidade de sonhar! Ah, eu queria dizer também, no pé do ouvido da minha princesa Olivia, que no fundo, todo mundo tem um pouco de medo de avião, que nem sempre nosso cabelo aparece bem na foto mas que nosso olhar sorrindo é sempre o que se destaca. Diria, para sua decepção de adolescente, que sempre nasce uma espinha na testa ou no nariz antes de uma festa importante ou um encontro especial. Que a gente fica menstruada muitas vezes quando tem um convite para passar o final de semana na praia. Que estaremos sempre mal vestidas quando encontrarmos inesperadamente uma pessoa especial na rua. Que em algum momento da vida todo mundo roeu as unhas. Que a gente sempre pode e deve mudar de opinião pois tudo na vida muda e isso sim é sabedoria. Diria ainda que lembranças são sempre doces e emocionantes; que uma foto eterniza um momento e que toda vez que a virmos voltaremos ao mesmo instante em que foi tirada. Diria que família é tudo de bom, que abraço de irmão não tem preço, que presença de avó deve ser aproveitada, que primos são como melhores amigos, que carinho de pai é inesquecível, que bronca de mãe é passageira, que amor de mãe é infinito. Gritaria que não vale a pena desistir fácil assim como não vale a pena insistir para sempre, que o filme nem sempre tem final feliz, que um bom livro é sempre uma ótima companhia, que música alimenta a alma, que acordar e não ter nada pra fazer dá uma paz infinita na gente. Eu queria dizer, nesta data querida, que arrumar o quarto pode significar organizar nossos pensamentos e também os sentimentos. Que andar sem sutiã é uma delícia, que passar vergonha e rir da nossa própria cara de boba faz cócegas nas nossas convicções. Que nossas incertezas são iguais as dúvidas de toda a humanidade, que nossas angústias aliviam com água com açúcar, que tudo na vida passa mas só Deus permanece. Diria também que pra tudo tem um jeito, que sempre podemos consertar e resolver qualquer problema, que nada dura pra sempre e que o infinito é logo ali. Puxa, eu diria ainda tanta coisa, mas o que o meu coração fica gritando o tempo todo é que eu desejo muito filha que você seja feliz sendo exatamente quem você já é. Feliz 18tão!"

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

O TAPETE DA VOVÓ

Adoro esta historinha. Ajuda a refletir sobre a importância relativa que devemos dar aos aspectos superficiais e corriqueiros da vida e focar nos valores e questões que são fundamentais. "Com grandes esforços, a vovó Zezé conseguiu comprar um novo tapete para substituir aquele velho e gasto que a acompanhou por mais de 25 anos. Estava encantada com seu novo tapete e com a aparência rejuvenescida que sua casa ganhou com ele. No Natal, toda a família se reuniu na casa dela. Depois de comer, as crianças ganharam seus tão esperados sorvetes de morango e os adultos foram para a sala conversar. De repente sua netinha de oito anos entrou na sala num mar de lágrimas e soluçando refugiou-se no colo da avó. "Vovó Zezé, derramei meu sorvete de morango todo em seu tapete novo". Zezé olhou em seus olhos com grande ternura enxugou as lágrimas da netinha e lhe disse: "Querida, não precisa chorar por causa disso. Temos mais sorvete de morango na cozinha."

O DEUS DE SPINOZA

"Pára de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filho... não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não lhe faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há, aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste? Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas teus filhos, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Quando eu crescer, quero escrever assim!

"O médico disse que cortou o cordão umbilical. Mas eu duvido! Como pode a gente se separar de algo que cultivamos a pão-de-ló durante nove meses? Como se desligar de alguém que para sempre ocupará um lugar especial em seus pensamentos, projetos, orações e em seu coração? Na sexta ela fez 16 e diante de mensagens tão lindas e amorosas de seu pai @José Cascão, das suas irmãs @Sofia Costa e @Marina Costa, além das várias de seus amigos, eu achei que deveria deixar meus parabéns para um outro dia como se eu pudesse prolongar essa energia tão potente que emana das pessoas que amamos e transformá-la em combustível para conduzí-la até o próximo aniversário, quando ela já estiver na Austrália. Confesso que queria lhe dizer tantas coisas que eu nunca disse. E umas outras tantas que ela já deve saber. Queria contar segredos que ela ainda vai descobrir e lhe fazer confidências que só mãe e filhas compartilham. Queria lhe falar do meu amor, da minha admiração, do meu orgulho, da minha satisfação e reverência à sua alma tão especial, mas todas as palavras ficam tão insignificantes quando o que queremos dizer é tão imenso como o mar e o infinito, juntos. Eu gostaria de fazer um decreto em sua homenagem dizendo que é proibido chorar no dia do nosso aniversário, que quebrar o telefone neste dia não significa que nossos amigos não encontrarão um meio de nos desejar felicidades, de escrever um texto de parabéns, de enviar um sinal de fumaça ou até mesmo de ouvir lá no fundo do coração a voz doce de alguém nos desejando alegrias, dinheiro, sorte, saúde, garotos e muitas baladas. Eu diria também que uma vela em cima de um bolo de laranja improvisado vale mais do que bolo de aniversário confeitado e cheio de glacê. Diria que receber pessoalmente os cumprimentos à meia-noite, de uma meia dúzia de amigos é mais significativo do que os parabéns de uma torcida inteira. Diria também que bugigangas tecnológicas como iphone, ipad, computador, tablets e máquinas fotográficas são ótimos presentes para se ganhar. Mas possuí-los não nos traz nenhuma grande felicidade que substitua abraços, beijos, sorrisos e olhares sinceros e apaixonados de quem realmente nos ama e daria até um braço direito para tirar a tristeza dos seus olhos. Meu decreto também incluiria um capítulo sobre as expectativas, esse sentimento irresponsável que nos coloca sempre na espera de algo incerto, nos roubando a presença do momento presente, do agora, do único e real lugar aonde estamos e sobre o qual temos domínio. A expectativa não permite que desfrutemos com intensidade devida daquilo que é quente, que nos envolve, que acontece ao vivo enquanto estamos ocupados com as incertezas do futuro. Eu diria também que as meninas possuem um desejo natural de colher flores e estrelas. Mas as estrelas não se deixam colher e mostram às meninas que existem desejos que não são jamais satisfeitos. Contudo, nada deve nos tirar a capacidade de sonhar! Ah, eu queria dizer também, no pé do ouvido da minha princesa Olivia, que no fundo, todo mundo tem um pouco de medo de avião, que nem sempre nosso cabelo aparece bem na foto mas que nosso olhar sorrindo é sempre o que se destaca. Diria, para sua decepção de adolescente, que sempre nasce uma espinha na testa ou no nariz antes de uma festa importante ou um encontro especial. Que a gente fica menstruada muitas vezes quando tem um convite para passar o final de semana na praia. Que estaremos sempre mal vestidas quando encontrarmos inesperadamente uma pessoa especial. Que em algum momento da vida todo mundo roeu as unhas. Que a gente sempre pode e deve mudar de opinião pois tudo na vida muda e isso sim é sabedoria. Diria ainda que lembranças são sempre doces e emocionantes; que uma foto eterniza um momento e que toda vez que a vimos voltamos ao mesmo instante em que foi tirada. Diria que família é tudo de bom, que abraço de irmão não tem preço, que presença de vó deve ser aproveitada, que primos são como melhores amigos, que carinho de pai é inesquecível, que bronca de mãe é passageira, que amor de mãe é infinito. Gritaria que não vale a pena desistir fácil assim como não vale a pena insistir para sempre, que o filme nem sempre tem final feliz, que um bom livro é sempre uma ótima companhia, que música alimenta a alma, que acordar e não ter nada pra fazer dá uma paz infinita na gente. Eu queria dizer, nesta data querida, que arrumar o quarto pode significar organizar nossos pensamentos e também os sentimentos. Que andar sem sutiã é uma delícia, que passar vergonha e rir da nossa própria cara de boba faz cócegas nas nossas convicções. Que nossas incertezas são iguais as dúvidas de toda a humanidade, que nossas angústias aliviam com água com açúcar, que tudo na vida passa mas só Deus permanece. Diria também que pra tudo tem um jeito, que sempre podemos consertar e resolver qualquer problema, que nada dura pra sempre e que o infinito é logo ali. Puxa, eu diria ainda tanta coisa, mas o que o meu coração fica gritando o tempo todo é que eu desejo muito filha que você seja feliz sendo exatamente quem você já é. Te amo!"

By Rose de Almeida, a mãe das minhas filhas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

PORTUGAL EM LUTO POR MAIS UMA GRANDE VOZ QUE SE VAI.

Num ano qualquer do final da década de 80, quando os grandes embaixadores da gastronomia portuguesa em São Paulo eram o casal Maria Teresa e José Batalha, fui convidado pelo meu inesquecível amigo, sócio e padrinho, André Luis Gonçalves, para jantar e assistir a um show de fado no Marquês de Marialva, o elegante restaurante do casal Batalha no bairro dos Jardins. Até hoje me pergunto como o grande fadista Carlos do Carmo, primeiro artista português a ser distinguido com o Grammy Latino de Carreira e que frequentava com intimidade os palcos do Olympia de Paris, do Ópera de Frankfurt, do Canecão do Rio de Janeiro, do Royal Albert Hall de Londres e mais algumas dezenas de grandes salas espalhadas por todas cidades do mundo, dignou-se a brindar os clientes e amigos do casal Batalha com um show tão intimista, andando em volta das mesas como se estivesse na sua sala de visitas a cantar para os amigos. A única explicação só pode ser a amizade que tinha com os donos da casa. Não somente me deliciei com a comida, como tive o privilégio de ouvir a poucos metros, e sem microfone – que é como se canta o fado, a grande voz da canção portuguesa, autor de uma obra e de um legado somente comparáveis aos da também inesquecível Amália. No primeiro dia de 2021, Carlos do Carmo sofreu um aneurisma na aorta e faleceu. Um ano depois de encerrar oficialmente a sua carreira, com três shows memoráveis em Braga, Porto e Lisboa, cidade onde nasceu e que (en)cantou como ninguém. Além da lembrança daquele momento único no Marquês de Marialva em São Paulo, guardo também um LP do Carlos do Carmo, autografado pelo próprio, um dos poucos que trouxe comigo para Lisboa. Eu sei, não é nada. Apenas um pequeno troféu que me lembra o quanto devo agradecer à vida pelo muito que tem me proporcionado. R.I.P. Carlos do Carmo.

Desconecta!

Não precisas conectar-te ao google para encontrar respostas. Conecta-te com o teu interior, as respostas que interessam estão lá. Em vez de estar só a mandar mensagens pelo Wathsapp, manda mensagens ao universo com o poder do teu pensamento. Não precisas postar todos os dias no facebook, twitter e instagram. Posta-te à presença divina e fica ali, em silêncio e adoração. Não abre o e-mail a toda a hora para ver o que chegou. Abre o teu coração aos outros e vê a sua enorme potência de amor. Não sigas falsos gurus e profetas, dentro ou fora da rede. Tu não precisas de intermediários para chegar a Deus. Não vás para fora a tentar descobrir alguma coisa interessante. Vai para dentro...e descobre a ti mesmo.