quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pensamentos desordenados


Engraçado, hoje eu descobri que confio mais nos blogs do que nos facebooks, twittes e afins. Principalmente no sentido de preservação de conteúdo. Uma amiga me pediu pra lhe repassar um texto que eu havia postado numa das redes e que ela queria relembrar, porque a tocou muito. Como eu já não lembrava em que rede tinha colocado isso, pensei: "se estivesse no blog, seria fácil recuperar".Então decidi que vou vasculhar, até onde me for possivel, algumas coisas que postei na rede, e vou transferi-las para cá. São fragmentos recolhidos ao longo do caminho: frases, pensamentos, reflexões, constatações atemporais, quase todas curtas, que eu curti, curto e eventualmente você tb pode curtir. E vou usar um marcador especial pra eles: PENSAMENTOS DESORDENADOS.

Vou começar com esse texto sobre "intenção" a que essa minha amiga se referia. Assunto pra sua próxima sessão de terapia:

“Se a intenção é reta, e também o for a atitude, o resultado da ação é benéfico para todos. Se a intenção é reta, mas a atitude for egoísta, o resultado da ação, ao nivel da relação, é ferino e produz ressentimento, ainda que se consiga o objetivo proposto. Se a intenção não é reta, mas a atitude for, o resultado da ação é manipulação”.

Obviamente isso não saiu da minha cabeça, por isso está entre aspas. É um extrato de uma dos ensinamentos de Cafh, farol para onde aponta permanentemente minha bússola pessoal (www.cafh.org).

sábado, 1 de maio de 2010

Gente é gente, paca é paca.


Gosto de animais. Fui criado no meio de galinhas, coelhos, patos, cabritos, perús, porcos. Tive até um cavalo e um cachorro, fieis escudeiros que me acompanhavam nas disparadas pelos campos e montanhas da aldeia onde nasci. Costumava comunicar-me com eles por meio de olhares e assobios, linguagem que considero mais apropriada do que os gutchi gutchi com que tratamos hoje os nossos “pets”.

Atualmente temos dois cachorros: o Tonico, um poddle toy e o Téo, um golden retriever lindo, com um pelo dourado que reluz ao sol. Os dois chegaram em casa ainda filhotinhos (não bebês...filhotinhos).
Gosto tanto do Téo, o golden, que quando mudamos para um apartamento, em vez de confiná-lo na área de serviço abri mão da sua companhia (sob protesto do resto da família) e levei-o para morar num sitio em Campos de Jordão, sua terra natal, numa extensa área verde onde ele continua correndo, brincando e crescendo livre, como tem de ser. Tenho certeza de que o Téo me agradece por isso. Ainda nos vemos – embora não com a frequência que os dois gostaríam – e não esquecemos o que aprendemos um com o outro.

Por tudo isso, acredito ter um pouco de crédito para dar uma opinião a respeito da maneira como andamos tratando nossos animais de estimação: estamos usando os nossos cães e gatos como bibelôs, enfeites, depositários de nossas carências e da nossa incapacidade de nos relacionarmos com os parentes, amigos e muitas vezes até com maridos, esposas e filhos. Com os quais, obviamente, a relação é muito mais difícil e desafiadora. Porque gente contesta, questiona, contraria, exige mais da nossa humanidade. Não basta fazer um carinho, dar ração, levar pra passear e dar banho uma vez por semana.

Só que não adianta pensar que a solução para as nossas mazelas, as nossas decepções afetivas ou a nossa solidão, seja trocar o convívio com as pessoas pelo convivio com os animais. Ao ponto de carregar o pet no colo, beijar na boca, botar pra dormir junto na cama, comemorar o aniversário com bolo e brigadeiro e comprar sapato e roupinha de grife. Isso alimenta o "cãopitalismo" (desculpe o trocadilho infame) e enche o caixa dos fabricantes de quinquilharias, mas não resolve o nosso problema existencial, e termina por transformar os coitados dos animais em pequenas aberraçõezinhas para satisfazer o nosso ego.

Uma amiga da minha filha chegou ao cúmulo de sentar a cachorrinha dela na mesa da sala de jantar para comer junto com a família. E pior: só saíam da mesa depois que ela comia tudo ou então se cansava, o que costumava demorar, já que sendo tratada como criança ela se comportava como uma: fazia birra, queria aviãozinho e não comia qualquer coisa. E quando não era atendida levantava...ops! pulava da cadeira e ia fazer malcriação, xixi no sofá e por aí afora. Dei graças a deus quando a amizade entre a minha filha e a dona da cadela terminou.

É por essas e outras que não me incomodo quando me chamam de desalmado só porque não permito que o Tonico deite no sofá ou tire um cochilo em cima da nossa cama de casal. Afinal, gente é gente e paca é paca. Assim como cão é cão, gato é gato e todos são tudo de bom.