domingo, 5 de maio de 2013

Gerações


A midia digital, que costuma endeusar a si mesma – e nisso ela não é diferente de nenhuma outra, é pródiga em enaltecer a capacidade que têm as gerações Z e M, nascidas ou criadas na era da internet, de fazer várias coisas ao mesmo tempo: abrir telas, postar fotos, trocar mensagens, enquanto ouvem música, falam ao celular, assistem tevê…estudam e fazem lição.

No entanto, esse desespero para (absor)ver tudo, comentar tudo, consumir tudo, na velocidade que é ofertado pela mídia e pelo meio, faz com que a concentração sobre um determinado assunto seja mínima. A absorção e decodificação da informação também é superficial, gerando um “saber coisas” inútil, porque de pouca profundidade. Algo muito similar pode acontecer com as relações, frágeis e virtuais na maior parte do tempo.

Mas, voltando ao finzinho do primeiro parágrafo aí acima, quem tem filhos em idade escolar como eu gasta muita saliva e energia tentando convencê-los, por exemplo, de que só existe uma forma de estudar: isolar-se e concentrar-se. Ir atrás da informação e depois refletir sobre ela, investigá-la e relacioná-la, para compreender, mais do que “saber”.

Só que isso exige esforço, método, paciência, e acima de tudo gosto pelo conhecimento, qualidades que as gerações Z e M parecem não ter, nem estar muito interessadas. E como esses hábitos se criam e fortalecem justamente na adolescência e juventude, talvez estejamos criando gerações superficiais e de pouca fibra.

Bonito é ver que, vez por outra, um desses jovens acorda, como de um transe, e reconhece as limitações do “modelo”, passando a buscas mais significativas. Usando a tecnologia, porque não, mas de forma mais livre, produtiva e inteligente.

É certo que a fila anda e que temos muito a aprender com chegou na festa agora. Mas há coisas que nós, pais e mães das gerações X e Y, também podemos compartilhar. Muito além de um simples “like”.