quarta-feira, 22 de junho de 2011

Silêncio interior: acalmando o agitado lago da mente.




“O mesmo silêncio que nos permite escutar os outros,
nos permite escutar a nós mesmos.”

Calar e Escutar – Do curso de Cafh: As 10 Palavras do Desenvolvimento Espiritual


Uma noite dessas, tomando uma cerveja com um amigo e tentando ouvir o elegante diálogo entre um piano e um contrabaixo, magistralmente executado pelos dois músicos do bar, meu amigo exclamou: “o mundo é muito barulhento”.


Referia-se à disputa inglória travada entre os instrumentos e a algazarra na mesa ao lado, onde uma dúzia de amigos comemorava o feliz aniversário de um deles. Nada contra aniversários e comemorações barulhentas, mas tudo a favor de fazê-lo em locais apropriados. Ainda bem que, segundo esse mesmo amigo, músicos da noite não dependem de alguém que os escute, porque tocam para si mesmos e isso lhes basta.


Enquanto mudávamos para uma mesa que favorecia um pouco mais os nossos ouvidos, concordei com ele: sim, o mundo anda ensurdecedor, sobretudo para quem vive em metrópoles.

O barulho do trânsito, das buzinas, das sirenes da ambulância, policia e bombeiros, dos bate-estacas, do alto falante do moço que vende pamonhas fresquinhas, do alarme do carro sendo roubado, do cachorro do vizinho, do bebê que chora sem parar, do pai que troca berros com a mãe e insultos com o filho, do caminhão que recolhe caçambas às 3 da manhã bem embaixo da sua janela.


Por isso, para manter a saúde do corpo e da mente, é aconselhável retirar-se periodicamente junto à natureza, buscando lugares ainda calmos onde o espírito pode se entreter com o canto suave e multicolorido dos pássaros e recordar o barulhinho bom da água correndo no riacho, do farfalhar das folhas nas árvores ou simplesmente os sons...do nada.

No entanto, há um outro barulho que passa despercebido e pode ser ainda mais daninho do que os ruídos medidos em decibéis. E que consome boa parte da energia que deveria estar alimentando a nossa saúde e bem-estar. É o barulho, muitas vezes ensurdecedor, do nosso “diálogo interno”. Esse que não cessa, que mantemos permanentemente ligado em forma de pensamentos e sentimentos desordenados, de pré-conceitos, de crítica e murmuração mental.


Sim, nosso interior pode ser bem mais barulhento do que o nosso entorno.


Porque pensamentos vão e vêm sem pedir licença nem respeitar sua vez na fila. Sentimentos afloram sem que tenhamos muito controle sobre eles, determinando atitudes e ações das quais frequentemente nos arrependemos.


Pense: quantos de seus pensamentos e sentimentos são eleitos conscientemente? Quantas das imagens – e com elas as emoções – que desfilam pela sua cabeça o dia todo tiveram autorização para entrar em sua tela mental? Quantas pessoas você já viu falando sozinhas na rua, vítimas de um evidente transtorno interior? Quantos psicólogos e psiquiatras se ocupam cuidando de pacientes que são vítimas de si próprios?


O antídoto possível e eficaz para tudo isso é a prática do “silêncio interior”. Aquele estado que advém de hábitos simples, mas que nem sempre encontram espaço em nossa atribulada agenda diária: o recolhimento, a contemplação, a meditação e a oração.


O silêncio interior, além de tudo, é uma das mais poderosas ferramentas de autoconhecimento. Porque ao fazer silêncio nos colocamos em contato conosco mesmos, com o que verdadeiramente somos. Ao ouvir o que pensamos e observar o que sentimos aprendemos a re-conhecer-nos, a avaliar a forma como respondemos aos estímulos que vêm de fora, e a compreender porquê o fazemos de uma maneira determinada e não de outra.


Mas, alcançar o silêncio interior exige algum treino. E começa com o silêncio exterior. Uma boa forma de começar é fazendo pequenos momentos de detenção durante o dia. Interrompa por alguns minutos o que você está fazendo para pensar porquê o está fazendo, e porquê dessa maneira e não de outra. Quando estiver atuando, procure afastar-se de si mesmo e ver-se de fora, como espectador. Avaliando sua relação com os demais e as respostas que está dando à vida. E, claro, separe um tempo, por menor que seja, no início da manhã e no final do dia, para recolher-se e pensar calmamente em como está vivendo sua vida, cuidando de si mesmo e dos seus afetos. E também para agradecer a Deus, ao Grande Arquiteto do Universo, à fonte da vida, ou que nome você Lhe queira dar, pelas bençãos recebidas e das quais a maior é o fato de você estar vivo e ter todas as possibilidades de crescer interiormente e desenvolver-se como ser humano.


Essas pequenas práticas podem evoluir para uma meditação diária, acompanhada pelo hábito de fazer leituras inspiradoras, ouvir boa música e ter mais momentos consigo mesmo. A meditação e a prática da oração irão, pouco a pouco, acalmando as águas agitadas da mente e lhe dando maior controle sobre ela e sobre os seus pensamentos e sentimentos.


Monitore permanentemente o seu diálogo interno e invista na prática do silêncio. Em pouco tempo você vai sentir que o retorno em paz interior, harmonia, equilíbrio e saúde mental vale a pena.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A árvore

É justamente no efêmero que se percebe o que é duradouro
É na surpresa da tragédia que se abrem os olhos
E nos olhos fechados que se revela a alma
Nas feridas da carne desfruta-se o sabor da vida

Na falta de palavras os verdadeiros significados
Na solidão de uma cama o calor de um abraço
Na saudade vindoura a tristeza da perda eminente
A maior limitação imposta ao homem é a impotência

É ela que separa o que é divino e o que é humano,
a linha divisória entre o que somos e o que gostaríamos de ser
A lição mais dura e a mais importante de se aprender
Com um olhar desaprendi tudo que achava que tinha aprendido

Todos os medos, desejos, teorias, alegrias, tristezas, conceitos e
pré-conceitos foram derrubados, humilhados e esquecidos.
Com apenas um olhar me apequenei

Quer saber onde mora Deus?
Mora nos olhos de um enfermo.

Paulo Cruz

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

TORCIDAS

Não gosto de torcidas, por princípio. E vai muito além do futebol. Quase sempre sinônimo de fanatismo, intolerância, parcialidade e comodismo. Aliás, a coisa mais fácil em qualquer "jogo" é ficar de um dos lados. Difícil é abarcar o todo.