quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Quando eu crescer, quero escrever assim!

"O médico disse que cortou o cordão umbilical. Mas eu duvido! Como pode a gente se separar de algo que cultivamos a pão-de-ló durante nove meses? Como se desligar de alguém que para sempre ocupará um lugar especial em seus pensamentos, projetos, orações e em seu coração? Na sexta ela fez 16 e diante de mensagens tão lindas e amorosas de seu pai @José Cascão, das suas irmãs @Sofia Costa e @Marina Costa, além das várias de seus amigos, eu achei que deveria deixar meus parabéns para um outro dia como se eu pudesse prolongar essa energia tão potente que emana das pessoas que amamos e transformá-la em combustível para conduzí-la até o próximo aniversário, quando ela já estiver na Austrália. Confesso que queria lhe dizer tantas coisas que eu nunca disse. E umas outras tantas que ela já deve saber. Queria contar segredos que ela ainda vai descobrir e lhe fazer confidências que só mãe e filhas compartilham. Queria lhe falar do meu amor, da minha admiração, do meu orgulho, da minha satisfação e reverência à sua alma tão especial, mas todas as palavras ficam tão insignificantes quando o que queremos dizer é tão imenso como o mar e o infinito, juntos. Eu gostaria de fazer um decreto em sua homenagem dizendo que é proibido chorar no dia do nosso aniversário, que quebrar o telefone neste dia não significa que nossos amigos não encontrarão um meio de nos desejar felicidades, de escrever um texto de parabéns, de enviar um sinal de fumaça ou até mesmo de ouvir lá no fundo do coração a voz doce de alguém nos desejando alegrias, dinheiro, sorte, saúde, garotos e muitas baladas. Eu diria também que uma vela em cima de um bolo de laranja improvisado vale mais do que bolo de aniversário confeitado e cheio de glacê. Diria que receber pessoalmente os cumprimentos à meia-noite, de uma meia dúzia de amigos é mais significativo do que os parabéns de uma torcida inteira. Diria também que bugigangas tecnológicas como iphone, ipad, computador, tablets e máquinas fotográficas são ótimos presentes para se ganhar. Mas possuí-los não nos traz nenhuma grande felicidade que substitua abraços, beijos, sorrisos e olhares sinceros e apaixonados de quem realmente nos ama e daria até um braço direito para tirar a tristeza dos seus olhos. Meu decreto também incluiria um capítulo sobre as expectativas, esse sentimento irresponsável que nos coloca sempre na espera de algo incerto, nos roubando a presença do momento presente, do agora, do único e real lugar aonde estamos e sobre o qual temos domínio. A expectativa não permite que desfrutemos com intensidade devida daquilo que é quente, que nos envolve, que acontece ao vivo enquanto estamos ocupados com as incertezas do futuro. Eu diria também que as meninas possuem um desejo natural de colher flores e estrelas. Mas as estrelas não se deixam colher e mostram às meninas que existem desejos que não são jamais satisfeitos. Contudo, nada deve nos tirar a capacidade de sonhar! Ah, eu queria dizer também, no pé do ouvido da minha princesa Olivia, que no fundo, todo mundo tem um pouco de medo de avião, que nem sempre nosso cabelo aparece bem na foto mas que nosso olhar sorrindo é sempre o que se destaca. Diria, para sua decepção de adolescente, que sempre nasce uma espinha na testa ou no nariz antes de uma festa importante ou um encontro especial. Que a gente fica menstruada muitas vezes quando tem um convite para passar o final de semana na praia. Que estaremos sempre mal vestidas quando encontrarmos inesperadamente uma pessoa especial. Que em algum momento da vida todo mundo roeu as unhas. Que a gente sempre pode e deve mudar de opinião pois tudo na vida muda e isso sim é sabedoria. Diria ainda que lembranças são sempre doces e emocionantes; que uma foto eterniza um momento e que toda vez que a vimos voltamos ao mesmo instante em que foi tirada. Diria que família é tudo de bom, que abraço de irmão não tem preço, que presença de vó deve ser aproveitada, que primos são como melhores amigos, que carinho de pai é inesquecível, que bronca de mãe é passageira, que amor de mãe é infinito. Gritaria que não vale a pena desistir fácil assim como não vale a pena insistir para sempre, que o filme nem sempre tem final feliz, que um bom livro é sempre uma ótima companhia, que música alimenta a alma, que acordar e não ter nada pra fazer dá uma paz infinita na gente. Eu queria dizer, nesta data querida, que arrumar o quarto pode significar organizar nossos pensamentos e também os sentimentos. Que andar sem sutiã é uma delícia, que passar vergonha e rir da nossa própria cara de boba faz cócegas nas nossas convicções. Que nossas incertezas são iguais as dúvidas de toda a humanidade, que nossas angústias aliviam com água com açúcar, que tudo na vida passa mas só Deus permanece. Diria também que pra tudo tem um jeito, que sempre podemos consertar e resolver qualquer problema, que nada dura pra sempre e que o infinito é logo ali. Puxa, eu diria ainda tanta coisa, mas o que o meu coração fica gritando o tempo todo é que eu desejo muito filha que você seja feliz sendo exatamente quem você já é. Te amo!"

By Rose de Almeida, a mãe das minhas filhas.

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