sábado, 20 de junho de 2009

Ligando o nome à pessoa.

Gosto de um comercial de rádio do Instituto Ético, que diz mais ou menos o seguinte: “tem gente que vive dizendo que não adianta fazer nada, que o Brasil não tem jeito, que as coisas nunca vão melhorar... se você reparar, são as mesmas pessoas que compram produtos piratas, sonegam impostos, não dão nota fiscal...”.

Gosto porque revela um traço muito interessante do ser humano em geral e do brasileiro em particular: a nossa dificuldade para fazer conexões, para juntar causa e efeito.

Por exemplo: demora pra cair a ficha do burguesinho, de que o seu “viciozinho” alimenta o tráfico não só de drogas como de armas, a violência sexual, a exploração de menores e outros tantos desvios sociais cuja culpa ele e a família dele atribuem a “esse governo que só sabe cobrar impostos e não faz nada” (não que o governo cobre impostos e faça muita coisa...).

Assim como demora pra cair a ficha do espertinho que compra um DVD, CD ou joguinho pirata, entre outras falsificações baratas, e tomar consciência de que a esperteza dele alimenta o contrabando, a sonegação de impostos, o trabalho escravo e consequentemente o desemprego – muitas vezes de um parente ou vizinho, e cuja culpa ele atribui à "polícia que é corrupta” ou a um ministro qualquer “que só sabe roubar” (não que uma parte da policia...blá, blá, blá).

Demora ainda mais para a perua, a mocinha ou o garotão sarado caírem na real – se é que algum dia cairão – e entenderem que os saquinhos de plástico com o cocô dos seus pets, que eles largam displicentemente na calçada ou ao pé de alguma árvore, além de emporcalhar a cidade, vão ajudar a entupir os bueiros e a aumentar o problema das enchentes, responsabilidade das “autoridades incompetentes que só sabem roubar e não fazem nada pra melhorar a vida dos cidadãos”.

Junto com os saquinhos de cocô vão também os sacos de salgadinhos, as latinhas de cerveja atiradas pela janela do carro, os móveis e colchões velhos que não servem mais, e por aí vai.

É duro, não? Mas a gente somos assim: temos uma dificuldade enorme para ligar o nome à pessoa.

Fazendo Darwin revirar na tumba.

Se estivesse vivo Darwin já teria apagado 200 velinhas. Como está morto e não vai poder contestar, atrevo-me a subverter as teorias evolucionistas, pensando que, ao invés do homem descender do macaco, talvez o macaco descenda do homem.

Vejamos. Você já viu ou ouviu falar de gente (gente?) que faz sexo com melancias, bonecas de plástico, cobras, cães e outros animais, em pleno século 21, aqui e agora, a um clique de quem quiser se dar ao trabalho de entrar nos sites que exploram essas bizarrices?

Pois bem, se o instinto ainda nos leva a cometer essas barbaridades, mesmo depois de termos pisado na lua, estarmos decifrando o genoma humano e termos conseguido espécimes como Bread Pitt e Angelina Jolie, que dirá há milhares de anos, quando o instinto era maior e o nível de exigência e requinte sado menor.

Entediados e ávidos por experiências – nisso não mudamos tanto – imagino que os machos homo sapiens (mais homo do que sapiens) podem ter se engraçado com as macaquices de algumas fêmeas esquisitas, dando como fruto filhotes que saíram com a cara do pai, mas com pelos demais no corpo, e que nunca aprenderam a falar nem a andar direito.

Depois o ser humano evoluiu, criou os jardins zoológicos, o Planeta dos Macacos, a sociedade protetora dos animais e daí por diante, bem... o resto da história você conhece.

E aí, Darwin, o que é que você tem a dizer sobre a minha teoria?