quarta-feira, 13 de abril de 2016

A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA!

A vida de quem tem o privilégio de se alimentar duas ou três vezes por dia, e ao mesmo tempo nutre a consciência sobre a importância de preservar a própria vida e a do planeta, não está fácil.
De um lado vem a OMS e amaldiçoa as carnes processadas (bacon, salsichas e embutidos) jogando-as na categoria dos alimentos que favorecem o desenvolvimento de vários tipos de câncer, para fazer companhia ao cigarro, às bebidas alcoólicas, ao amianto e à exposição ao sol “in natura”.
Por outro lado, agiganta-se em todo o mundo o tsunami vegetariano, com argumentos irrefutáveis – como os que afirmam que os cerca de 60 bilhões de animais abatidos todos os anos, além de revelarem uma falta de ética e de lógica impressionantes, já que escolhemos alguns animais para nos fazer companhia dando-lhes amor e conforto, e matamos outros para saciar nosso apetite e deleitar o paladar – seriam os grandes responsáveis por problemas que vão do aumento do efeito estufa às crises hídricas e até a fome.
Segundo os veganos metade da produção mundial de grãos é destinada à pecuária, chegando em alguns casos, como os da soja, milho e aveia, a 80%. Ou seja, em vez de estar sendo servida aos humanos essa comida estaria alimentado os bois e vacas, que vão virar comida depois. Afirmam também que os recursos usados para alimentar 2,5 bilhões de pessoas com produtos animais dariam alimentar 20 bilhões de vegetarianos. Já em relação aos recursos hídricos, enquanto a produção de 1 kg de trigo exige 132 litros de água e de 1 kg de arroz 2.500 litros, para a produção de 1 kg de carne seriam gastos em média 15.000 litros de água. Amaldiçoados estão também todos os subprodutos da carne, já que o leite e seus derivados só são possíveis dentro da lógica macabra dessa cadeia.
Ok, então vamos comer apenas frutas e legumes que são bons e não fazem mal para a saúde. Nem tanto, nem tanto.
A farra dos agrotóxicos no Brasil, usados para deixar mais coloridos e suculentos aqueles melões, tomates e rabanetes que nos fazem babar na feira e nos hortifrútis da vida, faz com que cada brasileiro consuma um galão de cinco litros de veneno a cada ano.
Segundo especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) "os dados sobre o consumo dessas substâncias no Brasil são alarmantes". Somos campeões mundiais na categoria desde 2008. E com estímulo governamental, já que mais da metade dos agrotóxicos permitidos pela legislação no Brasil hoje são banidos em países da União Europeia e nos Estados Unidos. O governo brasileiro não só permite os pesticidas proibidos em outros países, como ainda os exonera de impostos, concedendo redução de 60% do ICMS e isenção de PIS, COFINS e IPI à produção e comércio dos pesticidas, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Bem, já que nesse terreno natureba a coisa também não está fácil, então o jeito é nos refugiarmos nas padarias e nas cantinas, consumindo pão e macarrão em profusão, sem correr riscos de nenhuma espécie, certo?
Ah, tolinho, vai nessa. O crescente número de celíacos e o mal que o glúten parece estar causando até mesmo em quem não é alérgico a essa substância, recomendam cautela. Fora os riscos que a obesidade, amiga das dietas baseadas em carboidratos, traz para suas vítimas, tais como diabetes, problemas cardíacos, de pressão alta e outras doenças crônicas decorrentes. Quem se der ao trabalho de ler o livro Barriga de Trigo do médico americano Wiliam Davis, nunca mais entra numa padaria, cantina ou pizzaria. Entre outras coisas ele afirma, fundamentado em décadas de estudos clínicos, extensa bibliografia e na sua experiência direta com os pacientes, que parar de comer trigo – mesmo o integral, considerado mais saudável – além de ajudar a perder peso e reduzir gordura localizada, ajuda a prevenir e eliminar vários problemas de saúde como artrite e dor nas juntas, asma, inchaços, enxaquecas, refluxos ácidos, alguns tipos de urticárias, câncer e até problemas de pele, como a acne.
Segundo o Dr. Davis, para aumentar a produtividade e a resistência das espigas à seca e às pragas, após a segunda guerra a ciência tratou de realizar uma série de cruzamentos e modificações genéticas nas linhagens do trigo, com resultados desastrosos para a saúde humana.
Ou seja, estamos no mato com o cachorro, o gato, o papagaio e toda a flora e fauna que ameaça a nossa sobrevivência.
Mas é claro que este tiroteio nutricional só preocupa, como eu disse no início, aos 6 bilhões de pessoas que fazem pelo menos uma refeição por dia. Quanto aos outros 1 bilhão que passam fome...bem, que tal a gente mudar de post?