quarta-feira, 20 de junho de 2018

A fruta não cai longe do pé.

Agora é a vez dela...Depois de embarcar 3 filhas para o mundo, chegou a hora dela ir atrás de um sonho antigo e necessário. Depois de metade da vida e de uma carreira consolidada, diversos prêmios e conquistas profissionais e uma vida pessoal igualmente exemplar, ela escolheu fazer intercâmbio. Escolheu para aprimorar o inglês. Não que este fosse ruim, mas ela sabe que estava longe do limite e que hoje em dia qualquer situação exige. Escolheu porque tem vontade de aprender e porque sabe que pode crescer ainda mais. E sua escolha se consolidou porque ela tem na família pessoas que a amam e que a apoiaram em todas as etapas desse processo. Por um marido fiel e compreensivo e por filhas que, justamente por já terem vivido esse momento, sabem o quão importante ele é.
Ela, que começou a trabalhar aos 15 anos, que vem consolidando sua carreira desde cedo e de um jeito extremamente eficaz. Ela, que dorme 4 horas por dia, às vezes não come direito, que passa alguns perrengues mas sempre entrega resultado. 
Ela, que já viajou o mundo, não importa se por lazer ou para trabalhar. Ela, que mistura espanhol, inglês, português, alemão, francês e italiano, criando uma língua nova que só ela e os companheiros de viagem entendem, mas que tem um sotaque incrivelmente gostoso.

Ela, que tem o melhor carinho, as melhores mãos, que escreve maravilhosamente bem e que nunca deixou faltar nada pra ninguém.

Ela, que faz combinações peculiares, que gosta de salto grosso e adora animações infantis. Ela que gosta de assistir futebol no bar às quartas-feiras, mas não dispensa um bom vinho num bistrô.

Ela, que organiza eventos, ama festas e multidões, mas sente um prazer enorme em estar consigo mesmo, lendo seu livro na beira da piscina.

Ela, que já foi filha e é dona de casa, esposa, mãe, jornalista, escritora, viajante e mais tantas outras coisas, hoje é intercambista. E das boas. Daquela que estuda, se dedica, vai até onde achamos que não dá. Daquelas que escolheu família com crianças para treinar ainda mais a conversação e que sabe que alguns meses serão pouca coisa perto do objetivo maior dessa aventura.

Pra ela, eu digo hoje tudo o que ouvimos quando foi a nossa vez: Nem sempre as coisas são como queremos. Às vezes o chuveiro não esquenta, a comida não é a nossa preferida e as pessoas não são tão calorosas como estamos acostumados. Às vezes o salto quebra a caminho de uma reunião importante e o cachorro rasga nossa meia calça minutos antes de sairmos de casa. Às vezes chove e estamos sem guarda chuva, o trânsito nos faz cancelar compromissos e nós não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Por isso, viva o hoje. Viva em inglês, viva nas aulas, em casa, viva em cada monumento que passar, cada paisagem famosa ou viva dentro de um simples e encantador ônibusinho vermelho. Viva suas conquistas, por menores que elas sejam. Viva!

Ela, que sempre fez de tudo por nós, hoje faz por ela.
E que esse seja só o primeiro passo.
EU TE AMO!


(Texto escrito por minha filha Sofia Almeida Cascão Costa, em junho de 2017, quando a mãe embarcou para mais uma de suas sadias loucuras. Porque aqui em casa todo mundo gosta de dizer o que sente, escrevendo!) 
Comentários