Reclusos em nossas casas
Evitando todo contato, todo contagio
Com máscaras para nos proteger
(não dos mascarados
mas dos que não acreditam em máscaras)
Lavando e desinfetando tudo
E ainda assim sofrendo e morrendo em hospitais
Onde os respiradores não são suficientes
(tudo parece não ser suficiente)
Mas, se é verdade, e acho que sim
Que o melhor escudo está em nós
No que chamam de sistema imunológico
(algo que todos começam a dar crédito)
Se é assim
E se somos um espécime orgânico maravilhoso
Que carrega em suas entranhas
A defesa contra invasores indesejáveis
E que este exemplar que somos
É uma célula viva
Do maravilhoso corpo da humanidade
Que é o conjunto de todos nós
Será que o que causou a pandemia
E a espalhou
Não foi estar o organismo da humanidade
Em desarmonia, desorganizado?
E as suas defesas imunológicas
Que, como corpo orgânico, deveria ter
Enfraquecidas, debilitadas, destruídas?
Afinal, os que sabem
Dizem que ficamos sem defesas
Se comemos mal
Se dormimos pouco
Se levamos uma vida sedentária
Se nos intoxicamos com desejos
Se estamos em desarmonia com o que é natural
Com problemas de consciência
Que nos fazem sentir culpados
Ou com traumas da infância
Ou com a angústia não gritada
Se tudo isso não responde às leis
De como se expressa a vida
Se gastarmos energia lutando uns com os outros
Se uma parte do corpo (da humanidade) maltrata a outra
Alguns vírus indesejáveis nos contaminam
E quanto mais nos afastamos da vida
Mais a morte nos persegue a cada dia
Talvez sempre tenha sido assim
Como quando a Europa estava em desarmonia
E uma epidemia, a peste negra, ou outra
Destruiu, em seu corpo, o indesejável
Talvez na Ásia também tenha sido o caso
E na Austrália, na América...
Mas agora estamos todos juntos
A aldeia global nos entrelaçou
E o que começou na China
Já é uma pandemia em toda a terra
E a desarmonia com a natureza em Pequim
É a mesma em Buenos Aires, São Paulo,
Paris, Tokio e Berlim
Pesticidas que envenenam a terra
A envenenam em todos os lugares
O abuso acontece em todos as partes
As correntes mentais, que também envenenam
Percorrem cérebros celulares em todo o mundo
O terrorismo não é mais uma prerrogativa de um louco
É maquinado nos estados e governos
A droga não é mais o êxtase fácil de alguns viciados
Agora é mais importante do que foi o ópio na China
E grandes corporações em todo o mundo
Vivem do sangue dos ingênuos que trabalham a terra
Onde conseguir então as defesas imunológicas
Que a humanidade precisa?
Provavelmente a nível celular
Nas mitocôndrias ou, vai saber
Em que parte do organismo estará
A vida fecundada pelo trabalho do homem
Corre como sangue feito dinheiro
Através das artérias de todas as partes desse corpo
Mas a acumulação berrante provoca uma trombose
Em poucos órgãos, às vezes secundários
E àqueles que contribuem com as funções vitais
Apenas um mesquinho alvéolo, perdido, os irriga
Há apenas uma esperança
(pelo menos para mim, que pouco entendo)
A de que o próprio vírus carregue a sua morte
E com ela se irão todos os humores e tumores malignos
Que permaneçamos, aqueles que permanecerem
Exaustos, convalescentes, mas saudáveis
Talvez, sem surpresa, egoístas
Ainda com vaidades e outras fraquezas
Mas em equilíbrio e crescendo com elas
Para ser melhores, tendo aprendido
Na dor, na tragédia
Que não podemos ser menos que um animal
Que não podemos, impunemente, devorar um ao outro
Nem transgredir as leis do universo
E que entre essas leis a principal é o amor
Amor à vida
Amor a todos
Amor porque sim
Incondicional, sem esperar nada
Eu espero!
Autor: Quenrie
Abril de 2020
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