domingo, 24 de maio de 2020

O sistema imunológico

Reclusos em nossas casas

Evitando todo contato, todo contagio

Com máscaras para nos proteger

(não dos mascarados

mas dos que não acreditam em máscaras)

Lavando e desinfetando tudo

E ainda assim sofrendo e morrendo em hospitais

Onde os respiradores não são suficientes

(tudo parece não ser suficiente)

 

Mas, se é verdade, e acho que sim

Que o melhor escudo está em nós

No que chamam de sistema imunológico

(algo que todos começam a dar crédito)

 

Se é assim

E se somos um espécime orgânico maravilhoso

Que carrega em suas entranhas

A defesa contra invasores indesejáveis

E que este exemplar que somos

É uma célula viva

Do maravilhoso corpo da humanidade

Que é o conjunto de todos nós

Será que o que causou a pandemia

E a espalhou

Não foi estar o organismo da humanidade

Em desarmonia, desorganizado?

E as suas defesas imunológicas

Que, como corpo orgânico, deveria ter

Enfraquecidas, debilitadas, destruídas?

 

Afinal, os que sabem
Dizem que ficamos sem defesas
Se comemos mal

Se dormimos pouco

Se levamos uma vida sedentária

Se nos intoxicamos com desejos

Se estamos em desarmonia com o que é natural

Com problemas de consciência
Que nos fazem sentir culpados

Ou com traumas da infância

Ou com a angústia não gritada

 

Se tudo isso não responde às leis

De como se expressa a vida

Se gastarmos energia lutando uns com os outros
Se uma parte do corpo (da humanidade) maltrata a outra

Alguns vírus indesejáveis ​​nos contaminam

E quanto mais nos afastamos da vida

Mais a morte nos persegue a cada dia

 

Talvez sempre tenha sido assim

Como quando a Europa estava em desarmonia

E uma epidemia, a peste negra, ou outra

Destruiu, em seu corpo, o indesejável

Talvez na Ásia também tenha sido o caso

E na Austrália, na América...

Mas agora estamos todos juntos

A aldeia global nos entrelaçou

E o que começou na China

Já é uma pandemia em toda a terra

E a desarmonia com a natureza em Pequim

É a mesma em Buenos Aires, São Paulo,
Paris, Tokio e Berlim

 

Pesticidas que envenenam a terra
A envenenam em todos os lugares

O abuso acontece em todos as partes

As correntes mentais, que também envenenam

Percorrem cérebros celulares em todo o mundo

O terrorismo não é mais uma prerrogativa de um louco

É maquinado nos estados e governos

A droga não é mais o êxtase fácil de alguns viciados

Agora é mais importante do que foi o ópio na China

E grandes corporações em todo o mundo

Vivem do sangue dos ingênuos que trabalham a terra


Onde conseguir então as defesas imunológicas
Que a humanidade precisa?

Provavelmente a nível celular

Nas mitocôndrias ou, vai saber
Em que parte do organismo estará

 

A vida fecundada pelo trabalho do homem

Corre como sangue feito dinheiro

Através das artérias de todas as partes desse corpo

Mas a acumulação berrante provoca uma trombose

Em poucos órgãos, às vezes secundários

E àqueles que contribuem com as funções vitais

Apenas um mesquinho alvéolo, perdido, os irriga

 

Há apenas uma esperança

(pelo menos para mim, que pouco entendo)

A de que o próprio vírus carregue a sua morte

E com ela se irão todos os humores e tumores malignos

Que permaneçamos, aqueles que permanecerem

Exaustos, convalescentes, mas saudáveis

Talvez, sem surpresa, egoístas

Ainda com vaidades e outras fraquezas

Mas em equilíbrio e crescendo com elas

Para ser melhores, tendo aprendido

Na dor, na tragédia

Que não podemos ser menos que um animal

Que não podemos, impunemente, devorar um ao outro

Nem transgredir as leis do universo

 

E que entre essas leis a principal é o amor

 

Amor à vida

Amor a todos

Amor porque sim
Incondicional, sem esperar nada

 

Eu espero!

Autor: Quenrie
Abril de 2020