terça-feira, 26 de agosto de 2008

Pais: reflitam

(A título de introdução: recebi este texto de uma amiga comum, e como não é uma dessas coisas que ficaram circulando pela net, tipo corrente, filosofia de salão de cabeleireiro, ppt de auto-ajuda, etc, resolvi – sem a autorização da autora, mas com o devido crédito – publicá-lo e compartilhar com os generosos leitores deste blog. Espero que apreciem. Obs.: os grifos são meus...)

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos, mas, por outro lado, os mais tolos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais 'espertas', ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.

Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos...Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E, o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos (às vezes sem escolha...) que nossos filhos nos faltem com o respeito.

À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.

Mas, à medida que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal fim.

Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm que agradar a seus filhos para “ganhá-los” e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e 'dar tudo' a seus filhos. Dizem que os extremos se atraem. Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.

Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.
Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio nos quais está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.

Os LIMITES abrigam o indivíduo. Com amor ilimitado e profundo respeito.

Autora: Monica Monastério (Madrid-España)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Trânsito parado...

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Meditar andando

Antes de me levantar da mesa olho para o superguardanapo de folha tripla 40x40 cm e, depois de constatar que eu mal o usei, dobro-o e guardo no bolso. Penso: antes de ir para o lixo ainda dá pra limpar as lentes do óculos, tirar o pó da mesa ou assoar o nariz. O garçom e os dois amigos que dividem a mesa comigo ficam olhando, mas abstêm-se de comentários.

Enquanto transponho as seis quadras até o escritório vou meditando sobre o trabalho que dá ser ecologicamente correto. E como a cultura do desperdício continua sendo cultivada, muitas vezes inconscientemente, neste lado do planeta. Automatismos, hábitos arraigados dos quais sequer nos damos conta.

Por outro lado, penso se o que acabo de fazer não seria uma daquelas coisas “de pobre”, como usar o vidro de requeijão como copo, cortar o fundo da garrafa pet para colocar plantinha, esquentar a caneta bic com o bafo para ela voltar a escrever, usar sacola plástica para botar o lixo, espremer o tubo de pasta de dente até o finzinho.

Sim, porque essas coisas só sendo pobre ou sobrevivente de guerra, certo?

Errado! Não se trata mais de saber se é coisa de pobre, rico ou remediado. Se fomos bem ou mal educados. Se queremos ou não ser politicamente corretos ou ambientalmente responsáveis. Trata-se de escolher se queremos continuar sendo inquilinos neste planeta nas próximas décadas, ou se não estamos nem aí e dane-se se formos despejados. Sim, porque com a nossa pequena cabecinha e a nossa grande pretensão acreditamos que ao mudar pequenos hábitos estamos contribuindo para "salvar o planeta".

Meu amigo, o planeta não está nem aí com o que você acredita ou deixa de acreditar. Está se lixando se você vai ou não mudar sua maneira de viver, ou de morrer. Quando ele se cansar das bobagens que estamos fazendo, dará uma pequena sacudida e em poucos segundos desapareço eu, você e o continente. Desaparece a nossa civilização e junto com ela nossa arrogância. E ele, planeta, continuará sua trajetória.

Então, vamos parar de achar que somos o umbigo do mundo e acordar: quem corre o risco de ser extintos somos nós, não é o planeta.

Abre parêntesis. Outro dia fiz um teste no site da WWF pra saber o tamanho da minha pegada ecológica. Em outras palavras, que rastro estou deixando na minha passagem pelo planeta. Recomendo: http://www.pegadaecologica.org.br. Você responde umas perguntas sobre seu estilo de vida e hábitos de consumo, o site avalia o impacto da sua pegada sobre o meio ambiente e te diz quantos planetas Terra seriam necessários se todo mundo resolvesse viver como você.

Não me considero nem um pouco consumista, procuro separar o lixo reciclável do outro e dar-lhes a destinação correta, tenho uma razoável consciência sobre o meu compromisso com a sustentabilidade e o futuro das próximas gerações. Ainda assim, no meu caso, seriam necessários 3 planetas para agüentar o tranco. Tem idéia? Fecha parêntesis.

Voltando para a minha meditação, diminuo um pouco o passo e lembro de uma revista TRIP de uns dois anos atrás cuja matéria de capa tinha um sugestivo titulo: Sua felicidade está acabando com o planeta. Medito mais um quarteirão sobre isso. E continuo andando.

Antes de atravessar a esquina viro minha cabeça para o leito carroçável e vejo passar, um atrás do outro, três possantes veículos off road. Cada um mais possante do que o outro. Todos 4x4. Todos tinindo. Todos com vidro fumê. Todos com uma pessoa só dentro. Todos pretos (já reparou que não existem mais automóveis coloridos? Henry Ford deve estar radiante).

Penso, sem medo de errar: jamais algum deles saiu do asfalto. Afinal, você acha mesmo que alguém vai comprar um automóvel que custa um apartamento para enfiá-lo no meio do mato onde ninguém vê? Para sair de lá todo sujo de terra? Nem pensar. A propósito, lembro de uma entrevista de Paulo Mendes da Rocha – arquiteto e sábio, à revista Carta Capital, que atesta bem a irracionalidade deste nosso modelo: "É como se tivéssemos inventado uma máquina de produzir veneno e, todo dia, nos empenhássemos em aprimorá-la. A questão dos transportes é fundamental. Não se trata, puramente, de introduzir conforto. Trata-se de ver que, queimar petróleo para transportar uma pessoa de 60 quilos numa lataria de 700 quilos, que não anda, é um erro grave. É repugnante ver a cidade congestionada de carros que não andam. A questão não é fazê-los andar, é ver que isso não tem saída, o transporte individual é uma bobagem."

Finalmente, chego ao escritório um pouco cansado e com sede. Vou até o bebedouro e depois de sorver calmamente dois copos de água geladinha (até quando?) outra grande dúvida me assalta: o que faço com mais um copo de plástico, novinho, antes de descartá-lo?

É... não tá fácil diminuir a pegada. Acho que vou dar mais umas duas voltas no quarteirão.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Eu quero um par de meias

A impressão que eu tenho folheando os jornais e revistas, vendo televisão ou acessando portais de compras na internet, nesta época de dia dos pais, é que 100% dos filhos vão dar um celular de presente. Ou pelo menos é isso que as lojas imaginam. Parece também que o celular é o único item que elas têm no estoque.

Foi assim no dia das mães, foi assim no dia dos namorados, logo vai ser assim no dia das crianças (aimeudeus!). E a falta de imaginação não é só das lojas de celulares, não. Os aparelhinhos enchem as páginas dos anúncios dos magazines (que antes vendiam roupas, utensílios domésticos, ferramentas, perfumes, lembra?), dos supermercados, dos hipermercados, das operadoras, das Casas Bahia e similares, das lojas de eletro-eletrônicos e por aí vai.

Os celulares também são o prêmio de 90% das promoções. Ou seja: o mundo, os interesses, os sonhos de consumo se reduziram a um aparelho celular.

Ai que saudades do tempo em que a falta de imaginação era dar gravata, meia ou cueca para o pai. Pelo menos os filhos tinham três opções.