30 dias. Estou com saudades de casa.
A vida em outro país nao é nada fácil. Nao só pelo idioma mas porque o silencio faz eco na gente. Por mais desejada que tenha sido esta viagem, ela estava congelada na minha memoria desde quando eu tinha 15 anos. Agora, aos 49, tudo é diferente.
Tem sido um aprendizado, tem sido um desafio, tem sido apavorante, tem sido enriquecedor e surpreendente. 'E duro contar o dinheiro todos os dias e nao poder fazer as coisas com mais tranquilidade. E duro saber-se a mais velha de todas as classes aonde se entra. Tem sido duro ter poucas palavras para expressar tudo o que eu realmente quero dizer numa conversa.
Tem sido dificil esquecer o que eu acumulei de conhecimento pra me descobrir vazia e abrir espaço pra aprender tudo de novo.
Eu estou adorando a experiencia, mas tem horas que dá um desanimo, parece que nao há progresso nas aulas, parece que nao estou me dedicando, parece que a estrada é mais longa do que imaginava, parece que nao ha acostamento pro descanso, mas acho que isso também faz parte do processo de aprendizado.
Já chorei, já segurei o choro, já quis voltar e desistir, ja quis estender a estadia e mudar de pais, ja quis e nao quis muitas coisas ao mesmo tempo. Daí durmo, acordo, medito, faço minhas oraçoes e saio pra enfrentar a vida, o dia, a aula e a mim mesma novamente.
Acho que estou feliz, mas de um jeito meio nostálgico. Como se estivesse resgatando aos poucos aquela moça que eu fui e que achava que conquistaria o mundo. As circunstancias nao me deixam esquecer dos meus sonhos de menina, me levando sempre ao passado quando ligo a TV, por exemplo, e está passando Terra de Gigantes, os Waltons e hoje, Cimarron!!!
Bem, estou aqui num país de reis e rainhas, seguindo a cada dia como um Arthur, tentando liberar minha espada da pedra e contando que meus Cavaleiros da Távola Redonda no Brasil estejam me esperando com o mesmo amor de sempre. Porque o amor é o principio e o fim de todo caminho.