A quantidade de informação disponível na internet, somada à profusão de sites que oferecem praticamente de tudo, e a preço de banana, tem levado alguns empresários e executivos a achar que é bobagem pagar uma consultoria ou agência para cuidar do marketing e da comunicação de seus negócios.
Aparentemente, tudo que precisam está na rede. E grátis! É só baixar e usar. Quando muito, pagar uma pequena taxa pelo download e pronto. Tem template de logo, template de cartão de visita, template de site, template de blog, template de plano de comunicação, template de power point e até template de business plan. Só precisa preencher os espaços em branco. E se não há tempo nem pra isso, basta pedir a um sobrinho ou ao filho de um amigo que “mexe com essas coisas” e o assunto está resolvido. Só que não.
O pensamento precede a linguagem. E a ação.
De que adianta ter os templates e os espaços em branco se você não sabe o quê colocar neles? E nesse sentido os computadores não vão ajudar muito. Porque computadores ainda não pensam por nós.
Isso significa que templates não servem para nada? Claro que não. Uma boa parte dos modelos disponíveis são bem pensados, às vezes têm um bom design e podem ajudar você a apagar um incêndio, a cumprir um prazo apertado ou a produzir um material bonitinho para aquele evento sem precisar fazer muito investimento. Eu mesmo recorro a eles algumas vezes.
Mas, entre um template que serve para tudo e para todos, e uma solução sob medida pensada para o seu negócio, há uma distância enorme. Afinal, o histórico da sua empresa é único. O ciclo de vida do seu produto é único. O momento que o segmento de mercado onde você atua é único, e a identidade que sua empresa precisa criar nem se fala. A solução para o seu problema, portanto, também deve ser única.
Às vezes um olhar de fora muda tudo.
Outro aspecto a ser considerado na decisão pela contratação de um prestador de serviço, é o fato de que quem está muito envolvido no problema raramente conta com a perspectiva necessária para enxergar a melhor solução.
Vou contar uma historinha rápida. Certa vez tive um cliente que importou uma linha de interruptores e tomadas elétricas da matriz, na Itália, para venda no Brasil. Produto classe AA, de altíssimo valor agregado, com muita tecnologia, design avançado, tinta automotiva e cores exclusivas. O preço, premium, óbvio. Porque não se tratava de um simples interruptor ou tomada. Era um item de tecnologia doméstica e elemento de decoração do ambiente. Enfim. Já havia sido feita uma campanha, produzidos materiais gráficos de excelente nível e nada da linha decolar. O PDV também não conseguia entender nem explicar a razão do fracasso de um produto tão sensacional. Às vezes o consumidor, o decorador ou o arquiteto responsável pela obra compravam uma ou duas peças, mas não ampliavam nem repetiam a compra.
Durante uma reunião em que se buscava desesperadamente uma explicação para o fenômeno, pedi pra ir ao banheiro. No caminho, passando por salas e corredores percebi que todos os interruptores e tomadas da linha instalados ali estavam com o nome e a marca do fabricante (impressos num dos lados chanfradinho do produto) na vertical, dificultando a leitura. Alguns até invertidos, de cabeça pra baixo. De volta à reunião perguntei porquê. Ao responder minha pergunta, o cliente deu a resposta para o problema: “porque as caixas elétricas no Brasil são instaladas todas na vertical, e na Itália na horizontal. Mas o produto pode ser instalado em qualquer posição, porque encaixa e funciona do mesmo jeito.” Continuei: “Mas isso já foi dito ou mostrado na comunicação em algum momento?” Silêncio na sala. “Não, acho que não…” respondeu o diretor de marketing. Ah, ok. Então que tal a gente fazer isso? Seguramente as pessoas estão comprando o produto e ao chegar em casa e ver que a posição "normal" da peça – horizontal, não serve para a caixa que ele tem na parede - vertical.
A campanha e os materiais gráficos produzidos a seguir mostravam os produtos na posição horizontal, mas também na vertical, deixando claro que apesar de nossas caixas elétricas serem diferentes das da Itália, o produto funcionava e podia ser usado em qualquer posição, sem problema. O catálogo seguinte mostrava isso e ainda trazia alguns produtos em tamanho natural, com picote, para serem destacados e colocados em cima dos interruptores atuais, permitindo ao consumidor sentir o efeito na decoração.
Evidente que não houve por parte do cliente a devida atenção quando resolveu simplesmente importar os produtos prontos, sem nenhuma adequação prévia para o nosso mercado. Acho que o produto parou de ser importado ou foi finalmente adaptado e relançado. Mas com um pensamento fora da caixa (literalmente neste caso) e uma mudança na comunicação as vendas reagiram e sairam do vermelho.
Neste e em muitos outros casos que, tenho certeza, cada um dos leitores poderia relatar neste espaço, não há template que resolva o problema. O que resolve é a observação acurada, o pensamento estratégico e uma solução sob medida. E para isso não há template.