Quando nos debruçamos sobre as dificuldades que nos impedem de avançar, desenvolver-nos, sejam as enfrentadas por uma família, uma organização ou um país, costumamos elencar uma série de problemas que, teoricamente, precisariam ser resolvidos antes, para que as coisas realmente funcionem e sejamos felizes.
Por exemplo, ao passar os olhos pelo noticiário político, econômico e social, ou a simples observação da realidade e da nossa história recente, nos apontam que estamos cheios de problemas. E muito se escreve sobre as possíveis soluções. Catedráticos apresentam teorias, economistas defendem suas teses, cientistas sociais fazem prognósticos, matemáticos levantam e comparam estatísticas, e políticos fazem alarde de suas plataformas.
Bem, eu tenho um pensamento: não acho que tenhamos vários problemas. Penso, sinceramente, que temos um só. Por exemplo:
A corrupção não é um problema, o problema é a impunidade
dos que se locupletam com a certeza de que sairão impunes de qualquer falcatrua.
A violência não é um problema, o problema é a impunidade
dos que a cometem, sabendo que a justiça é lenta e que, com um pouco de dinheiro e bons advogados, dá pra continuar solto indefinidamente, cometendo inclusive novos e maiores delitos.
A fome não é um problema, o problema é a impunidade
dos que têm o poder de acabar com ela e não o fazem, simplesmente porque esse problema não é prioridade para eles que comem todos os dias.
A falta de saúde e de educação não é um problema, o problema é a impunidade
e a dificuldade para enquadrar e prender toda a cadeia de maus políticos e maus servidores envolvidos no desvio recorrente dos recursos destinados a quem precisa deles.
A falta de segurança não é um problema, o problema é a impunidade
dos que traficam, aliciam, corrompem, contrabandeiam e matam para defender seus interesses enquanto o Estado assiste a tudo com uma condescendência disfarçada de impotência.
O desmatamento, as agressões à natureza e a extinção das espécies não são um problema, o problema é a impunidade
dos que conhecem a gravidade desses fatos, tem os instrumentos e os recursos para combatê-los, mas preferem empurrar o problema com a barriga para as próximas gerações a se indispor com os interesses dos poderosos.
A lista você mesmo pode continuar a partir daqui. E pode fazer o exercício colocando no lugar dos “problemas” do País, os que você vê na sua empresa, na sua família, no condomínio onde você mora... Todas as questões se resolvem, quando termina a impunidade.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
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